Pergunta 1
O modo de ver o mundo, as
apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e
mesmo as posturas corporais são produtos de uma:
a. Característica
pessoal, psicológica.
b. Atitude
filosófica, inteiramente reflexiva.
c. Herança cultural, até
mesmo pré-científica.
d. Ciência
humana, como a antropologia.
e. Mudança
de comportamento.
Pergunta 2
A partir das relações entre
natureza, cultura e comportamento humano, assinalar a alternativa que apresente
uma afirmação sobre a humanidade com base em preconceitos.
a. A
“Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão”, de 1789, é muito
importante para a ideia de humanidade.
b. Há
concordância absoluta entre as diversas interpretações sobre o ser humano,
tanto nas ciências biológicas quanto nas ciências humanas e do comportamento.
c. O conceito de raça,
embasado biologicamente, envolve hierarquia e serve aos desejos de poder e
dominação.
d. A
antropologia culturalista não tem condições de entrar em diálogo com a biologia
pois não há relação entre as ciências humanas e biológicas.
e. Não
é possível acreditar-se em mútua dependência entre mudanças culturais e
evolução genética.
Pergunta 3
Leia e analise o trecho a seguir
e, considerando seu conteúdo, assinale a alternativa correta.
[...] A cultura é um fenômeno
produzido pelo ser humano, mas que depende da condução da coletividade, ou
seja, ela é construída socialmente, não herdada biologicamente. Isso faz com
que em cada lugar e em cada época histórica exista uma imensa diversidade de
regras, símbolos e formas de conduzir a vida coletiva. É o que chamamos de
diversidade cultural.
a. Essa
diversidade é desejada pelos agentes da globalização, pois é muito mais fácil
veicular produtos, vendê-los, quando cada grupo tem um gosto, pensa de forma
própria etc.
b. A
biologia, como um todo, não é responsável pela herança cultural, mas apenas a
genética, área que permite entender a dinâmica cultural.
c. A
citada diversidade cultural é produzida pelo processo de globalização.
d. A
biologia é mais importante que a história quando se trata de fenômenos
culturais.
e. Não há vida fora de
uma coletividade, o ser humano não produz individualmente suas condições de
existência, pois é um ser essencialmente social.
Pergunta 4
Considere a afirmação a seguir e
assinale a alternativa que apresente uma versão antropológica correta para os
efeitos da globalização. "[...] De uma cultura para outra, significados
variam imensamente, o que torna necessária a compreensão do contexto cultural
em que os símbolos são criados e utilizados para que nossa comunicação seja
eficaz e consiga atingir seus objetivos."
a. A
expansão do capitalismo global se faz respeitando as culturas locais.
b. Cada
vez mais o referido contexto é o da sociedade global, pois os lugares perdem
totalmente seus significados.
c. Significados
sociais eram constituídos na relação desenvolvida entre os membros do grupo e
entre estes e o entorno, raízes essas que hoje não são mais necessárias.
d. O
crescimento econômico das nações se tem dado de modo sustentável, posto que
hábitos e costumes vêm sendo preservados em toda parte.
e. Por mais que a
modernização capitalista busque a padronização cultural pelo e para o mercado,
fatos como a diversidade étnica, a variedade de línguas e profundas
desigualdades sociais mostram os limites históricos do processo de
globalização.
Pergunta 5
Leia o seguinte trecho do artigo
de Armand Mattelart e assinale a alternativa cuja afirmação siga uma linha de
raciocínio de conotação antropológica.
“A trigésima terceira Conferência
Geral da Unesco, em Paris, adotou, no dia 20 de outubro de 2005, uma convenção
sobre a proteção e a promoção da diversidade cultural com a quase unanimidade
dos 154 países presentes. Dois foram contrários: Estados Unidos e Israel.
Quatro abstenções: Austrália, Honduras, Libéria e Nicarágua. Em três dias,
aproximadamente, o texto foi aprovado em comissão pelos representantes dos 151
Estados entre os 191 membros da Unesco. O objetivo dessa convenção foi o de dar
força de lei à Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, adotada, por
unanimidade, após os eventos do 11 de Setembro de 2001. Qualificando a
diversidade como 'patrimônio comum da humanidade', essa declaração se opunha
aos 'doentios fundamentalistas' com a 'perspectiva de um mundo mais aberto,
mais criativo e mais democrático'.
Dois fóruns institucionais
contribuíram para forjar os elementos de uma doutrina sobre a cultura e as
políticas culturais. O primeiro é, evidentemente, a própria Unesco.
Fundamentalmente a partir do fim dos anos 1960, com a entrada na era
pós-colonial, dá-se a era da independência. É nessa época que a relação de
força entre os países do Norte e os do Sul afeta, numérica e ideologicamente, o
conjunto do sistema das Nações Unidas. Mesmo se o peso da divisão geopolítica
Leste/Oeste continua a influenciar as representações dominantes de ordenamento
do mundo, a ponto de provocar um curto-circuito na relação Norte/Sul, e as
demandas do dito Terceiro Mundo.
É o momento no qual se faz patente
a crise de uma filosofia do desenvolvimento, para a qual a modernização
equivalia à ocidentalização, uma versão requintada dos programas etnocêntricos
de assimilação cultural. É a falência da crença em um progresso linear e infinito,
dos paliativos sucessivos oferecidos aos povos: a única saída para o dito
subdesenvolvimento é percorrer, uma a uma, as etapas pelas quais atravessaram
os grandes países ditos desenvolvidos. De acordo com essa crença, a inovação
social deve se dirigir do centro para as periferias. Não há lugar, pois, para
as culturas locais, das quais se contesta sua capacidade de invenção.
Estigmatizadas como tradicionais, elas são consideradas pela engenharia social
como um obstáculo no curso da modernidade, segundo o padrão euro-estadunidense.
Ao longo dos anos 1970 aparece em cena, aos poucos, um bloco de nações chamadas
a participar de debates, proposições, medidas e estratégias: direito a
comunicar, diversidade cultural, políticas culturais, políticas de comunicação
e industriais, interdependência e diálogo das culturas”. In: MATTELART, Armand.
Mundialização, cultura e diversidade. Revista FAMECOS, nº 31, p. 12-19, dez.
2006, quadrimestral, Porto Alegre.
a. Falar
em assimilação cultural é um absurdo, pois nossa sociedade é modelo de respeito
ao modo de vida de grupos étnicos diferentes. Um exemplo disso é a proveitosa
relação de aprendizagem (boa para ambos os lados) que sempre mantivemos com os
índios que ocupavam as terras que, muito tempo depois, viriam a se tornar o
Brasil.
b. O
citado movimento dos anos 1970, pela democratização da informação e pela luta
pela qualidade da comunicação, está vinculado ao “padrão euro-estadunidense”,
pois são principalmente Estados Unidos da América e os países europeus mais ricos
os que têm interesse na disseminação de conhecimento (de variados tipos e em
diversos níveis) pelas demais nações do mundo. Um exemplo disso é a doação de
tecnologia médica e de produção de energia limpa, além do compartilhamento do
conhecimento envolvido nas patentes de medicamentos, entre outras frentes de
cooperação constante.
c. Não
há como estigmatizar sociedades que percorreram caminhos de desenvolvimento bem
diversos daqueles trilhados pelas nações europeias.
d. O
evolucionismo social não está presente na relação entre os países, conforme
afirma o excerto.
e. O “evolucionismo
social ou darwinismo social” pode ser observado na ideia de desenvolvimento
equivalendo à ocidentalização, indicando que referência de desenvolvimento é a
sociedade ou as sociedades classificadoras, no caso, difusoras do “padrão
euro-estadunidense”.
Pergunta 6
“A coerência de um hábito cultural
somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence”. A frase,
extraída de Cultura: um conceito antropológico, de Roque de Barros Laraia, é
uma das principais regras da antropologia e tem a seguinte consequência teórica
e prática:
a. A
frase dá margem a muitos preconceitos e é utilizada para condenar pessoas
inocentes apenas por integrarem determinadas comunidades culturais.
b. Ao segui-la como
princípio não se pode tomar as sociedades como primitivas ou evoluídas, pois
todas seriam completas a sua maneira. Considerá-las “primitivas ou evoluídas”
seria adotar um ponto de vista linear, evolucionista.
c. Lévi-Strauss,
grande antropólogo e responsável pelo combate a essa visão estrutural, afirmava
que os traços culturais das sociedades devem ser analisados com base numa
referência única e seriamente constituída.
d. Tal
afirmação implica uma boa dose de preconceito, não servindo a nossas discussões
acadêmicas.
e. Todo
hábito cultural deve ser visto como uma expressão da globalização econômica que
define os costumes, e, portanto, torna-se propulsora das grandes transformações
culturais, apagando os traços próprios de cada povo.
Pergunta 7
A partir do trecho a seguir, que
trata de simbolização e de símbolos fora do contexto original, assinale a
alternativa correta.
Como os símbolos cotidianos
dependem de consenso em torno de sua interpretação, é muito comum que, quando
usados em um contexto diferente do original, sejam interpretados de forma
completamente diferente à convencionada pela cultura que lhes deu origem.
Isso porque, ao saírem da cultura
que os originou, podem parar em lugares onde não exista a convenção sobre como
eles devem ser interpretados. Em um caso desses, as pessoas tendem a dar um
sentido mais apropriado ao seu próprio contexto. O que os indivíduos fazem
nessa situação é idêntico ao trabalho feito por um tradutor, ou seja, as pessoas
tentam adequar os símbolos de outras culturas a sua própria linguagem e vida
social.
Assim, quando se adotam símbolos
de outras culturas, de outras convenções sociais, a tendência é que as pessoas
adaptem os significados possíveis desse símbolo a sua própria realidade.
a. A
tatuagem tribal (a maori, por exemplo) conserva seu significado em contextos
diferentes.
b. Não
pode ocorrer o desenraizamento dos significados, pois eles são absolutos,
invariáveis em seus significados.
c. Não
se deve ficar interpretando símbolos, principalmente se não forem da própria
cultura.
d. O
que a autora do texto quer dizer com convenção é que é uma maneira de os
símbolos não sofrerem perdas ou mudanças quando transferidos de lugar.
e. O “consenso em torno
de sua interpretação” trata, essencialmente, do processo de comunicação.
Pergunta 8
Leia o trecho a seguir e assinale
a alternativa correta no que diz respeito à manutenção das sociedades.
As normas e os valores precisam
ser mantidos, e para isso há uma espécie de 'vigilância'. Existem vários níveis
de 'vigilância' que a sociedade cria para zelar pelo cumprimento dos valores e
das normas. Um é o institucional. Existem instituições para punir quem não se
comporta 'adequadamente', como escolas, prefeituras, a polícia, as leis e a
jurisdição, além do Estado. (...).
Também existe outro nível de
'vigilância', que é o do convívio social. Em todos nossos contatos podemos
observar como as pessoas julgam, o tempo todo, a conduta umas das outras.
Frases como: 'mas também, mereceu!', 'fulano é muito fofoqueiro', 'eu não faria
isso', 'você pode me explicar por que fez isso?' entre tantas outras, são uma
forma que os indivíduos encontraram para demonstrar que é preciso que todos
participem de alguma forma do conjunto de valores, e que as normas devem valer
para todos. Os que não seguem as normas e os valores são repreendidos e recebem
um tipo de punição moral, psicológica.
a. É
perceptível o controle dos indivíduos pelo grupo, porém, no cotidiano não
costuma haver dispositivos de condução e repressão do comportamento.
b. As
instituições escolas, prefeituras, polícia, leis e jurisdição, além do Estado,
existem somente para vigiar e punir.
c. O
papel dos valores e costumes na referida manutenção é sempre mínimo, pois
quando se trata de impor condutas, o que conta mesmo são as leis e o sistema
penal.
d. Não
é comum as pessoas se sentirem cobradas pela sociedade em geral e pelos grupos
que integram.
e. Há muitos mecanismos
de controle e todos nascem do julgamento com base em valores.
Pergunta 9
A respeito da relação entre
Estado, nação e cultura é correto afirmar que:
a. A
totalidade de uma cultura, necessariamente, coincide com os traços nacionais.
b. O
conceito de nação está vinculado, basicamente, à dimensão biológica.
c. O Estado é uma categoria
política por excelência, embora seja resultado de processos territoriais,
econômicos e culturais historicamente definidos.
d. A
formação de grandes blocos econômicos destrói a soberania, a autonomia política
dos Estados; afastando-os das negociações tanto comerciais quanto diplomáticas.
e. Os
Estados nacionais são formações separadas da cultura e não requerem território
(recursos ambientais).
Pergunta 10
A antropologia demonstra que a
cultura influencia profundamente na forma como vemos o mundo e como julgamos
costumes diferentes dos nossos ou costumes que fogem ao padrão imposto pelas
normas sociais. Por isso existe a tendência a:
a. Participarmos
de uma identidade globalizada e homogênea, uma vez que não podemos ter
consciência da cultura de nossa própria época, nos lugares em que habitamos.
b. Considerarmos
as culturas tradicionais como melhores, uma vez que elas parecem ter maior
controle sobre os indivíduos, regrando suas atitudes.
c. Julgarmos
depreciativamente aquilo que foge à lógica cultural que herdamos, o que
dificulta a convivência com os costumes alheios.
d. Sempre
considerarmos muito melhores os costumes alheios, uma vez que a rotina e a
tradição reprimem a liberdade de expressão de nossa identidade.
e. Procuramos
sempre novas influências culturais que possam nos auxiliar a compreender melhor
o costume alheio.
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Feed Back das respostas
1-Comentário: A alternativa “C”
está correta, pois tudo que é cultural é herdado ativamente, faz parte de um
processo interativo que é muito mais antigo que a forma ciência. A. É
característica social (a dimensão psicológica é “secundária”). B.Não
inteiramente reflexiva, pois há também a dimensão prática. D. Nada permite
imaginar que a antropologia gera estes “produtos”. Não atende aos termos e
sentidos do enunciado.
2-Comentário: A única alternativa
que faz referência a preconceitos é a “C”.
3-Comentário: Todas as
alternativas são absurdas, exceto a “E”. A) Quanto mais uniforme, melhor para
vender. B) Impossível dizer que a genética explica a dinâmica cultural. C) A
diversidade cultural existe desde o início da humanidade. D) A história tem relevância
nos fenômenos culturais, e a biologia não.
4-Comentário: As demais
alternativas afirmam absurdos. A) Não respeita. Se Necessário, a cultura local
é “invadida”. B) Não totalmente, pois há muitas culturas. C) Mais necessárias
do que nunca, em virtude da busca e manutenção de identidade. A tradição Gaúcha
é um exemplo. D) Não são preservados, e podemos ver como a Língua Inglesa
“invade” os costumes brasileiros.
5-Comentário: As demais
alternativas contradizem em muitos aspectos tanto o conteúdo do livro-texto
quanto o trecho de A. Mattelart. A. Não há respeito e não foi proveitosa para
ambos os lados a relação entre portugueses e índios. B. As informações são
todas falsas. C. Há e é feito. D. Está.
6-Comentário: A alternativa “B”
está correta, pois é concordante com o enunciado e apresenta raciocínio
correto, decorrente da proposição. A. É o contrário, da para argumentar pela
inocência. C. Lévi-Strauss é responsável pela difusão dessa visão, e não pelo
combate. D. Não implica preconceito, pois permite a inclusão (não exclusão) e
serve às discussões. E. Todo, não, pois pense no samba:é expressão da
globalização? Não apaga os traços, é absurdo.
7-Comentário: As outras
alternativas negam o texto. As alternativas a, b, c, d estão incorretas pois
opõem-se ao sentido do texto; afirmam o contrário do que deveriam para estarem
certas.
8-A alternativa “E” é a única que
reafirma o teor do texto, enquanto as demais o negam
9-Comentário: A alternativa “C”
está correta, enquanto as demais têm erros nos vínculos. A. Nem a totalidade
(às vezes, nada) nem necessariamente, portanto, pense na cultura brasileira com
influências africanas, americanas, etc. B. Há várias dimensões, e não podemos
afirmar da vinculação exclusiva. D. Não destrói e também não afasta. Pense na
comunidade econômica Européia. E. Não podemos ver no livro-texto que estados
requerem território e que a cultura é fator componente.
10-Comentário: A alternativa
“C”está certa porque faz referência ao etnocentrismo, enquanto as demais têm
erros. A. Podemos (e devemos) ter consciência. B. Não consideramos, e se o
fizermos, a raridade escapa à regra. D. Não consideramos e não reprimem. E. Não
procuramos, somos etnocêntricos. A tendência é não rejeitar, e não procurar.
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